Começo essa resenha deixando um aviso que, na verdade, é mais um conselho: livros da Lucinda Riley foram feitos para serem apreciados longamente, e sem nenhuma pressa. Não adianta pegar o livro quando você estiver em um estado de espírito que depende de um romance intenso e rápido: os livros da Lucinda são exatamente o oposto, e é isso que cria a magia. E percebi que é normal as pessoas compararem livros de um autor, e esperarem que o seja sempre melhor que o anterior. Em tantos anos de vida literária, aprendi a apreciar a obra em si, e não todo o contexto em que ela está inserida, e posso dizer que tenho sido bem mais feliz assim. É claro que, se você amou um livro, espera-se – e muito – que a próxima leitura de uma autora seja ainda melhor. Mas nem sempre isso acontece e, para evitar decepções, eu agora sigo essa linha que evita comparações. Mas, entendam, eu não sou contra as comparações. Elas são ótimas quando se trata de uma dúvida cruel sobre qual livro comprar, por exemplo. Estou falando isso tudo porque não vou comparar A Casa das Orquídeas com A Luz Através das Janelas. Vou só dizer que os dois são sensacionais, e que, enquanto um tende para o lado mais romântico da história, o outro dá mais atenção aos laços familiares.
Conselho – e desabafo – dado, vamos à resenha.
A Luz Através das Janelas tem uma conexão de passado e presente já conhecida entre os leitores da Lucinda, e a autora continua fazendo isso com maestria. A história não demorou nada para me prender e, assim que peguei no livro, não consegui mais largar. O paralelo entre passado e presente se dá também entre Inglaterra e França. Inglaterra contemporânea, França em meio à Segunda Guerra Mundial. Na história do presente temos Emilie De La Martiniere, uma mulher de 30 anos que se vê herdeira de uma propriedade que não deseja. É assim que ela conhece Sebastian, um homem encantador que se propõe à ajuda-la com o que ela precisasse. Em três meses eles estão casados. Emilie se apoia em Sebastian, mas ele nos faz achar que tanta solicitude não pode ser verdadeira. E é isso que seu irmão, Alex, também pensa. Alex é paraplégico e, depois que Emilie se casa com Sebastian, eles começam a conviver bastante, e acabam aprendendo muito um com o outro, e um sobre o outro.
Emilie decide pesquisar o passado da história do chatêau que herdou, e assim ela conhece muito mais do seu passado do que poderia esperar. É nesse ponto da história que conhecemos Constance, a heroína do passado, uma mulher forte que não mede esforços para ajudar seu país. E Édouard, o pai da Emilie, que tinha uma vida que a filha nunca imaginaria na época da guerra. E dois militares, um com caráter deturpado e outro que sabe dar valor à vida, ao amor. A história do passado é tão comovente e bem escrita que te faz imaginar como seria estar ao lado dos personagens. Cada um dos personagens é importante, portanto, é bom prestar atenção em todos eles, pois conforme a leitura for evoluindo, você vai perceber que eles se encaixam nos lugares mais inesperados.
A história mostra amor e perdão, força e lágrimas. A ligação entre a história do passado e a do presente é muito bem feita, sem nenhuma ponta solta e mostra como o passado pode alterar o futuro de formas inimagináveis. É uma história para mergulhar nas páginas e só retornar à superfície quando chegar ao final.
CAPA, FICHA TÉCNICA E SINOPSE
A LUZ ATRAVÉS DA JANELA
Lucinda Riley
ISBN: 9788581631141
Editora: Novo Conceito
Número de páginas: 544
Encadernação: Brochura
Formato: 16 x 23 cm Ano Edição: 2012
SINOPSE
A Segunda Guerra Mundial deixou muitos destroços e segredos familiares principalmente na família de Emilie, os De La Martinières. Quando sua mãe faleceu, deixando o legado do château da família para ela, a única herdeira, Emilie fica devastada e quer vender tudo para que possa voltar à sua rotina comum de veterinária. Entretanto, Sebastian Carruthers aparece em sua vida para ajudá-la a cuidar de toda a documentação e a consola nos momentos mais difíceis. Emilie se apaixona pela sua gentileza e decide se casar com ele. Assim, ela se muda para a casa do marido, Blackmoor Hall, em Yorkshire. Contudo, a vida que ela, ingenuamente, pensa estar começando bem, trará a ela muitas surpresas e revelações do presente e do passado de toda uma geração.