Olá, recebi a prova do livro “Vida após a morte”, da Intrínseca , e os leitores do Livrólogos poderão ler a resenha em primeira mão
O conteúdo do livro são as memórias de Damien enquanto esteve , por vinte anos, injustamente , preso.
É de ficar assombrado, como ele mesmo diz, ao revelar as reais condições de um sistema penitenciário( americano) que brutaliza os detentos, levando-os às condições animalescas de vida.
O instinto dirige-lhes, dia- a- dia, por falta de condições alternativas de sobrevivência (na prisão de Segurança Supermáxima, em Grady). “… O prisioneiro é acorrentado… trancado dentro de um cubículo minúsculo e imundo, que mais parece uma miniatura de silo para grãos…só no meu cubículo havia três pombos mortos e em decomposição…”
Em 1994, quando foi para o Corredor da Morte, começou a escrever um diário que é, na verdade, um show de sucessivos horrores.
Veio de uma família socialmente desfavorecida. Quando nasceu(2º filho), a mãe entregou-o aos cuidados da avó, que foi morar com ele em um trailer. Os pais, com pouca instrução, sem recursos financeiros, emocionalmente instáveis e inseguros, não ofereceram à criança o mínimo necessário para desenvolver seu sistema de segurança que é fundamental para a saúde emocional. O pai abandona o lar e se casa com outra. A mãe recolhe o filho que estava com a avó. Casa-se com Jack, um fanático religioso e cheio de ódio. A vida do garoto(agora no 4º ano) transforma-se num inferno.
“Ele me agarrou e me jogou na cama com tanta força que quiquei e caí no chão. Ele me colocou de volta na cama e começou a me bater com fúria. Beliscava-me, virava meus dedos para trás… Antes eu não gostava dele, agora, a semente do ódio germinou.”
Damien foi crescendo sem modelo de família, sem parâmetros de comparação, sem nenhum referencial para enfrentar a vida como ela é.
A pobreza extrema de um lado, e a sociedade do outro, começa a pesar-lhe. Começa a ficar deprimido e sem expectativas de melhores condições de sobrevivência.
Damien tem más lembranças da vida escolar. Ingênuo e instável. Presa fácil para desmandos. Era sempre o bode expiatório nas situações de indisciplina. “ Naquela idade eu era muito quieto, quase a ponto de ser invisível. Evitava a ira da professora, mas ela me notou em duas vezes. Não consigo me lembrar o que tinha feito de errado, se é que tinha feito. Fiquei em pé diante da turma com uma pilha de livros nos braços…”
A pobreza de um lado e a sociedade do outro, começa a pesar –lhe nas atitudes e tomadas de decisões. Jovem ainda (fugiu para com a namoradinha, Deanna, da escola), foi preso e enviado ao hospital psiquiátrico. O pai que retornara e, novamente, com sua mãe, vai buscá-lo e o leva para Oregon do outro lado do país. Não se adapta e retorna à terra de origem, Arkansas, indo hospedar-se na casa de uma antiga namorada Domini. Engravida a moça. Fica feliz.Ele foi considerado mentalmente incapaz e começou a receber ajuda financeira dos órgãos públicos. A polícia o procura e o prende (1994) com dois colegas de escola: Jason e Jessie. Foram condenados por homicídio. “ A prisão já é bastante ruim, mas é um milhão de vezes pior quando você sabe que não fez nada errado para estar aqui.” Talvez não demore até que alguém corrija esta injustiça e me resgate desse pesadelo. “
Os registros que Damien faz são estarrecedores. São gritos de alerta contra as atrocidades, fruto da negligência e descaso por parte das autoridades quanto aos atos ignóbeis e sem limites, praticados à revelia contra os detentos. “Os carcereiros ganham a vida abusando de homens que não têm muita sorte.Profissão covarde. Eles adoram ver alguém acorrentado e algemado para poder torturá-lo livremente. Afinal, eles não estão agredindo pessoas; apenas detentos.” E os direitos? Que direitos?” Até os retardados sofrem aqui. E muito. Tivemos um sujeito aqui com Qi de uma criança, e todos sabiam que ele não havia cometido o crime …Ele só ficou sentado quieto no dia que foi morto.”
“Um só juiz decidiu sobre o meu caso. Foi até a prisão . Não me deixaram falar. Ouvi mentiras incríveis . Não aconteceu nada. Voltei para o cubículo. Eu me sentia uma mosca cujas asas foram arrancadas por uma criança maldosa.”
Era 1996. Fazia dois anos que estava no Corredor da Morte. Conhece, por carta , Lorri Davis, que abriria para ele a porta da esperança.
O relato comovente de Damien pontua a ausência de conceitos relativos ao amor , à honra e ao respeito. “ Só há ameaças, insultos, gritos … É incompreensível como as pessoas são brutalizadas de maneiras inenarráveis. A vida se resume a isso: um ambiente contínuo que rouba a sua alma. É a morte.”
Damien, Jason e Jessie foram vítimas da traição, da dor e do engano. Damien ficou no Corredor da Morte 18 anos.
“Os telejornais projetam os prisioneiros como animais” e é verdade porque o espírito que os mantinha humanos definha até morrer e se transforma em um” buraco negro” sob forma humana. A prisão é concebida para isolar, separar, alienar de tudo e de todos. É assim…
O livro seria um apelo à responsabilidade e à seriedade dos poderes públicos em relação ao tratamento dado às pessoas com “ menos sorte” que vão parar atrás das grades? Inocentes ou não, merecem ser tratados como pessoas com direito à dignidade, ao respeito e, além do mais, necessitam de investigações competentes para evitar a incidência de erros que conduz à perda de muitas vidas.
Além do livro, Damien Echols coproduziu um documentário sobre sua experiência e que será adaptado para o cinema.
Leia o primeiro capítulo AQUI
Capa, ficha técnica e sinopse
Vida após a morte
Damien Echols
ISBN: 9788580573190
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 426
Encadernação: Brochura
Formato: 16 X 23 cm
Ano Edição: 2013
Tradutor : Marcello Lino
Também em eBook
Sinopse
Enviado para o corredor da morte em 1994, aos 20 anos, Damien Echols ainda luta para provar sua inocência. Echols foi condenado, ao lado dos amigos Jason Baldwin e Jessie Misskelley, por um crime que não cometeu — o brutal assassinato de três crianças de oito anos, que foi interpretado pelos moradores da pequena cidade de West Memphis, no estado do Arkansas, como resultado de um culto satânico. Em agosto de 2011, após 18 anos de reclusão e sem nunca terem sido ouvidos pelo Estado, os réus foram soltos graças à forte pressão da opinião pública, em uma campanha liderada por celebridades como Johnny Depp, Eddie Vedder e o cineasta Peter Jackson. No entanto, para a justiça do Arkansas, os três ainda são culpados.
Em Vida após a morte, Damien Echols reúne as anotações de suas memórias no cárcere, registros que ele manteve por todos esses anos sem identificar as datas, pois considerava “doloroso demais ver os dias, meses e anos passando, a realidade fora do meu alcance”.
Echols só detém o título de único homem a deixar o corredor da morte no Arkansas por causa do interesse de Sheila Nevins, executiva da HBO, pelo caso que ficou conhecido como West Memphis Three. Após ler uma reportagem sobre o crime, Nevins procurou os cineastas Joe Berlinger e Bruce Sinofsky para fazer um filme que revelasse os detalhes do violento assassinato. Ao chegar em West Memphis, a equipe da HBO se deparou com os inúmeros erros crassos da investigação e fortes indícios de que os acusados eram, na realidade, inocentes. Assim surgiu a série de documentários Paradise Lost, dirigida pela dupla e dividida em três partes. A primeira, Paradise Lost: The Child Murders at Robin Hood Hills, lançada em 1996, apresentou ao mundo a verdadeira história dos garotos de West Memphis. E a última, Paradise Lost 3: Purgatory, foi indicada ao Oscar e ao Emmy em 2012.
Também no cinema, o documentário West of Memphis, coproduzido por Echols, sua esposa Lorri Davis e Peter Jackson, foi lançado em dezembro nos Estados Unidos e exibido no último festival de Sundance (ainda sem previsão de estreia no Brasil). Já os direitos para a adaptação cinematográfica das memórias de Damien Echols em Vida após a morte foram adquiridos por Johnny Depp.
Johnny Depp, ator
“Damien Echols sofreu uma espantosa injustiça, um pesadelo que poucos conseguiriam suportar. É uma história que levará o leitor às lágrimas e o deixará, ao mesmo tempo, estarrecido e fascinado. Um brilhante relato de memórias, à altura de gigantes literários do calibre de Jean Genet, Gregory David Roberts e Dostoiévski.”
Publishers Weekly
“Uma autobiografia arrebatadora, elaborada com primor… Uma reflexão simples e dolorosa sobre a vida carcerária nos Estados Unidos.”
The New York Times
“As histórias de Vida após a morte são tão bem contadas que parecem incríveis. É evidente o talento literário do autor.”
Peter Jackson, diretor de O Senhor dos Anéis
“Injustiçado por policiais, promotores e um juiz deliberadamente ignorantes, Damien Echols extraiu forças de sua inteligência e de uma visão particular da humanidade para sobreviver a dezoito anos no Corredor da Morte. Minha admiração por sua força de vontade aumenta a cada página.”